Um dia desses, durante uma conversa, minha mãe me pergunta:
- E o Toquinho? Não ouvimos a mídia falar nele.
Imediatamente respondi:
- Ué... As mulheres-fruta tomaram conta, não tem mais espaço pra música, não!
(leia-se música e, não, gritaria de baixo nível)
Pois é... Eis aí nossa realidade.
Hoje em dia, quando ligamos a televisão recebemos um bombardeio de ignorância, falta de classe, de cultura, de qualidade, burrice pura mesmo.
É sim! Burrice! Digo mesmo!
Um belo dia, passando por vários canais resolvi parar em um que me chamou a atenção. Parecia um bolo, mas se mexia, então olhei com mais atenção. Coloquei os óculos para ter absoluta certeza do que eu via. Uma “mulher”, que mais parecia um bicho, um animal ou sei lá o que, dentro de uma banheira inundada de chantilly, agarrando enlouquecidamente um homem que tentava buscar alguma coisa – era uma espécie de jogo. Quando eu já estava tendo colapsos e como se não fosse o bastante, (pasmem) umas pessoas que estavam ao redor da referida banheira, começaram a derramar coberturas de sorvete sobre aqueles seres animalescos cobertos de chantilly.
Vendo aquilo, eu não sabia se chorava, gritava ou dava gargalhadas, tamanho era o absurdo. Surreal!
Estamos em pleno século XXI e o lindo povo brasileiro consegue regredir!
Na época de minha avó não existia internet, televisão, DVD, CD, MP 8 nem MP 1000 e todos liam, cantavam lindas músicas, eram cultos, tinham bons modos, boa educação, os homens tratavam as moças como princesas e as mulheres se portavam como verdadeiras damas.
O que vem acontecendo não é um acúmulo de novos conhecimentos e, sim, uma troca.
Troca-se a boa música, a literatura, a arte, pela tecnologia, que fez o favor de permitir que a pornografia e a baixaria entrem, muitas vezes sem serem convidadas, na casa das crianças, dos jovens e de muitos adultos babacas.
Não sou contra a tecnologia, de forma alguma. Sou contra a banalização do ser humano.
Sou contra a educação falha de muitos pais.
Sou contra o cérebro bloqueado de muitas pessoas que dão ibope a essas aberrações.
A internet está aí. Podemos pesquisar sobre construções antigas, sobre bossa nova, música clássica, sobre ópera, obras de arte, história, mas esse povo, que eu não consigo compreender, prefere perder horas na tela do computador ou da televisão, olhando criaturas que usam seus corpos como mercadorias, e mais, lançam CDs e dão muita audiência em programas que deveriam ser chamados de “traficantes de ignorância”.
Com isso, temos “Miuchas”, “Joões Gilbertos”, “Agnaldos Rayols”, “Ângelas Marias”, “Vinícius de Moraes”, “Tons Jobins”, “Chicos Buarques” e por aí vai, anônimos para a atual geração.
Lamentável!
Espero que um dia essas pessoas sintam necessidade da boa música, da qualidade, da classe, da boa educação. E que não seja tarde, porque do jeito que as coisas vão, as crianças de hoje, que em breve serão adultos, cantarão para ninar seus filhos algo como “dance potranquinha da mamãe, que nasceu do créu, créu, créu”!!!
Lamentável!
Lamentável!